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domingo, 12 de fevereiro de 2017

RESERVE TEMPO PARA O ÓCIO - Por Nicéas Romeo Zanchett


                    Com o advento da sociedade industrial viramos robôs humanos. Passamos a semana toda nos dedicando a trabalhos repetitivos e quando temos algum tempo disponível procuramos preenchê-lo de alguma forma. Essa loucura cotidiana que vivemos faz com que não tenhamos tempo para olharmos nosso interior.  O que fazemos nos dias de folga é uma tentativa de continuar a estressante rotina diária a que estamos acostumados. A solução é ocupar o tempo com lazer ou qualquer outro tipo de atividade que possa nos dar algum prazer imediato. Mas, na verdade, estamos tentando fugir de nos mesmos e por isso evitamos parar e refletir.
                    A semana de trabalho inglesa, no século XIX, previa uma folga na segunda-feira. Mas, ao contrário do que muitos possam pensar, não era para descanso dos trabalhadores. O que os patrões queriam era dar um tempo para que os operários se recuperassem dos abusos com o álcool no domingo. A solução encontrada foi adotar meio expediente no sábado porque assim a bebedeira começaria naquela noite e o domingo seria o dia da ressaca. O resultado foi imediato, pois diminuíram as faltas ao trabalho na segunda feira. 
                    
Panda vermelho
                   Ninguém duvida que o lazer seja importante para a saúde e bem estar, mas os excessos de compromissos nos fins de semana podem gerar mais estresse do que o próprio trabalho. 
                   Precisamos de tempo disponível para não fazer nada, ou seja, precisamos do ócio.  Não é necessário que fiquemos todo o final de semana de pernas para o ar, mas praticarmos o lazer do ócio por algumas horas é importante para melhorar a qualidade de vida e a saúde. 
                   Para quem vive em cidade agitadas como Rio de Janeiro e São Paulo é importante buscar o contato com a natureza. 
                   Hoje é domingo e, neste momento, milhões de pessoas estão aproveitando a folga para divertir-se na internet com jogos eletrônicos, redes sociais, mensagens eletrônicas em comunidades virtuais e outras atividades. Não seria nada ruim se houvesse limites, mas o que vemos são pessoas passarem o dia todo em frente ao computador. Por mais prazeroso que seja, o cansaço é muito estressante e isto causa mais problemas do que benefícios.
                   Muitos trabalham a semana inteira e tiram o fim de semana para praticar exercícios, alguns muito pesados como corrida ou jogos que exigem esfôrço físico. Essas pessoas, mesmo com as coronárias limpas, são fortes candidatos a infarto fulminante. Quem é sedentário de segunda a sexta-feira e resolve correr ou jogar bola no sábado e domingo tem grande chance de ter morte súbita. Quando o lazer ativo toma todo o tempo livre o efeito é nocivo e devastador. 
                  Os momentos de lazer deveriam ser curtidos sem estresse, mas o que vemos são multidões lotando as academias de ginástica, participando de campeonatos de praia, maratonas e inúmeras outras modalidades de competição física. São pessoas angustiadas que enfrentam qualquer trânsito para, em busca do descanso, casar mais. Adoram competir e vencer sempre. Para isso transformam o fim de semana em obrigação, com agenda mais exaustiva que a da semana de trabalho. 
                  Se formos analisar com maior profundidade, iremos ver que quem não consegue parar nos fins de semana tem, na verdade, um grande medo de usar seu tempo disponível para refletir, para um olhar mais demorado em seu interior. 
                   Vivemos numa época altamente competitiva e, tanto no trabalho como no lazer, a criatividade individual fica prejudicada por excessos. É indispensável encontrar um tempo para não fazer nada. O ócio pode ser o remédio que a muito tempo estamos procurando. O importante , no entanto, é que durante esse tempo se evite pensar em qualquer tipo de problema ou obrigação. Uma boa sugestão para os mais agitados é praticar técnica de relaxamento e meditação. Nesse caso, a natureza pode ser o melhor mestre. 
                   O futuro já chegou e o comportamento das pessoas durante a semana deverá mudar radicalmente. É bem provável que a nova sociedade, pós-industrial, traga novos conceitos e horários para o trabalho, o lazer e o ócio. O tempo e espaço, como conhecemos, sofrerão uma desestruturação para permitir nova forma de viver. Os momentos de lazer e o ócio serão distribuídos ao longo da semana. Isto já está acontecendo em muitas empresas ao redor do mundo. Será possível conciliar trabalho, lazer e ócio num único dia. O tempo para não fazer nada é essencial  para a criatividade que é um dos pilares do sucesso profissional. 
                   Precisamos reaprender a valorizar nossos momentos contemplativos, amar mais a natureza e os animais e nos reeducarmos para o tempo livre. Jogar conversa fora com os amigos, fazer amor sem pressa, olhar o por do sol, balançar o corpo numa rede, ouvir o canto dos pássaros, são coisas que ficaram esquecidas. Inúmeras são as possibilidades, é só escolher. 
Nicéas Romeo Zanchett 
NOTA - Escrevi este artigo em 20 de fevereiro de 2011, mas, dada a sua importância para a saúde, resolvi publicá-lo aqui também. 


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